Há que anos saí da casca e agora isto!

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Se houve herança que os meus pais me deixaram (ainda em vida, felizmente!) por osmose foi o gosto pela fruta. Sempre se comeu muita fruta em casa, de todos os tamanhos e arredondamentos!
O meu pai era menino para comer duas maçãs, depois de lauto jantar mas, a dada altura, acometeu-o uma certa preguiça selectiva: comprava daquelas romãs de Israel (isto não é snobismo mas há fruta "de marca" que não tem paralelo nas variedades das massas) mas descascá-las era outra conversa.
Comecei a reparar que, enquanto eu descascava pacientemente uma romã (sim, sei que há métodos mais rápidos, que circulam pelo youtube, mas que exigem que se cortem alguns bagos, o que para mim é puro sacrilégio), ele dizia sempre "dá cá um bocado". Se fosse de quando em vez, passava, mas fazia-o sempre que eu comia uma romã e deixei de o ver a descascar uma que fosse. Comecei a chatear-me com isso (parvoíce, eu sei) e deixei de comer romã na presença de segundos e terceiros.

Estava eu resolvida com a questão da fruta e agora que tenho um filho, descasco a minha e a dele. Ora, isto somado, dia após dia, começa a acamar camada sobre camada de nervos! Descascar fruta de três em três horas é redundante, sim, o mais possível.

Já nem tenho mais pachorra para descascar romãs com todo ritual de há uns anos. Da última vez que o meu marido me comprou romãs, tive a indelicadeza de deixar secar três.
Isso faz de mim uma ingrata preguiçosa? Não. Acho que tudo isto é uma alergia congénita à monotonia e à rotina de que as crianças tanto precisam.

E depois há outra questão: a da casca! Grande parte dos antioxidantes e vitaminas estão precisamente na casca. Por causa da porcaria com que insistem em contaminar a fruta, de cada vez que descasco uma maçã, estou a deitar o melhor fora! A vida podia ser tão mais simples...

Mas porque é que ninguém fala disto? Avisaram-me de algumas frustrações que podia sentir com a maternidade mas nunca me falaram da carga de fruta que tinha de descascar pela frente. Irra!


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