Vou falar do que ninguém tem, a não ser eu!

Quando uma mulher começa a fazer as contas aos dias que lhe faltam para exibir na praia as riscas de tigresa que a gravidez fez questão de lhe deixar na barriga, o pânico instala-se.
É todo um revisitar da adolescência, em que a última coisa que uma pessoa quer é ser diferente dos demais (mas ainda assim conseguir "ser único"!; quem é que nos mete estas coisas na cabeça?): já estou a ver corpos esculturais e bem untados com óleo de argão e lá pelo meio, desgarrada, uma recém-mãe com estrias encarniçadas, que até um míope consegue ver a 3km!

E se pensamos usar um fato de banho para esconder marcas perfeitamente orgânicas, resultantes de um processo natural como o estiramento da pele na gravidez (se fossem tatuagens ou qualquer outro artifício, não estávamos aqui a falar), chamam-nos púdicas.

E se assumimos as estrias em todo o seu esplendor, é porque somos desleixadas, que nem ponta de creme usámos durante toda a gravidez, mesmo que tenhamos vivido todo um verão escaldante gravidérrimas e com toda a roupa a colar, por causa daquele creme óptimo (que entretanto se mistura com suor).

O mais engraçado é que, mais uma vez, as estatísticas (mas ainda alguém acredita nisso?) dizem que cerca de 80-90% das mulheres que engravidam acabam por ter estrias e que há factores genéticos fortes a influenciar a sua incidência. A aceitação parece tão mais simples, não é? Mas depois, falo com as amigas e as não tão amigas e ouço o impensável: "por acaso eu fiquei sem nenhuma estria, ó pá, foi o máximo!" e fico tão mas tão feliz por elas (todas, por elas todas! E tão feliz que vou só ali cortar os pulsos e já volto).

PS - E se usar um biquini com padrão tigresse, será que as estrias contam como camuflagem?



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