A ira da mãe do anjo

(Este título tem o seu quê de bíblico, não tem?)

Levei o meu filho a um parque com um tanque imeeeeenso de bolas coloridas. Estava ansiosa por registar o seu riso aberto, os gritos de contentamento no meio daquele mar gigante de cor.
Seria difícil que lá conseguisse estar sozinho mas, até aí, tudo bem. Quero mesmo que o meu filho socialize!

Acontece que lá estava, entre outras crianças, um miúdo uns dois ou três anos mais velho que o meu. Do género querubim, com redondos caracóis alourados e olhos claros. Um branquela de sorriso muito afável.

 (in http://mmariamula.tumblr.com/page/5)

Entre brincadeiras, o meu pequenito levava duas bolas coloridas, uma em cada mão, quando tropeçou e largou uma delas no meio do trambolhão. O outro menino correu e agarrou a dita bola e disse ao meu filho que ia colocá-la de volta, no tanque, com o mais doce dos sorrisos, como se o meu conseguisse perceber alguma coisa do que lhe estava a dizer.

Ia eu agradecer-lhe, como representante diplomática de um bebé que ainda não se dignou a falar, quando irrompe por esta cena bucólica uma mãe a esbracejar e aos gritos:
"Larga JÁ a bola, Robrigo! Dá a bola ao menino!"
(in http://www.workingmother.com/content/11-ways-yell-less-your-tween)

Eu assustei-me, o meu filho assustou-se, o Rodrigo nem tanto, que suspeito que já esteja habituado, mas ficou estupefacto, claro!

Provavelmente o Rodrigo não é o querubim que aparenta. Também fará, com certeza, as suas travessuras. Já terá até dado motivos para que a mãe interviesse nas suas brincadeiras e o repreendesse. Mas tem que ser desta forma? Parecia a matança do porco ou uma tragédia de faca e alguidar (só não era shakesperiana porque a senhora tinha sotaque do norte)!
E por mais que eu tentasse dizer à senhora tresloucada que o Rodrigo não tinha extorquido a bola ao meu filho, que ele estava só a querer ser simpático, o que quer que fosse, a mulher ignorou-me completamente e puxou o miúdo para a outra ponta do parque (ele nem ripostou!).

Tentei desculpá-la, dizendo a mim mesma que aquela mãe estaria exausta ou em pânico com a perspectiva de o seu filho ser um querubim arruaceiro. Ainda assim, não deixou de ser uma cena triste.

Comecem a ler sobre disciplina positiva, pode ser? As criancinhas agradecem e as mães delas também! Gritar não ensina absolutamente nada.
E descansem sempre que puderem (que a minha casa também tem os seus dias de imundice e não é o fim do mundo) ou então respirem bem fundo antes de um ataque inopinado de ira.

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